terça-feira, 25 de outubro de 2011

Audiodescrição é ferramenta de inclusão, diz especialista da área

terça-feira, 25 de outubro de 2011, às 7h00

Imagine um deficiente visual em uma sessão de cinema ou numa apresentação de ópera tendo sua imaginação – que já é fértil – aguçada pela descrição minuciosa de informações que não estão contidas nos diálogos, como expressões faciais e corporais, aspectos do ambiente, figurinos, efeitos especiais, mudanças de tempo e espaço.
Essas são janelas de inclusão sociocultural abertas pela chamada audiodescrição, área relativamente desenvolvida em países como o Reino Unido, onde mais de 300 salas de cinema e 20% da programação televisiva já contam com os recursos dessa ferramenta. No Brasil, porém, a audiodescrição ainda é incipiente e atinge pequena parcela de uma população estimada em cerca de 24 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência.
Estudiosa do assunto, a jornalista e mestre em televisão digital Flávia de Oliveira Machado ministra palestra nesta quarta-feira, a partir de 18h, no auditório Professor Bicalho, da Fafich, a convite da Comissão de Desenvolvimento Humano e do Centro de Apoio ao Deficiente Visual da UFMG. Antes, nesta terça-feira, ela dará uma oficina a grupo de iniciados no assunto.
Graduada em Comunicação Social pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), Flávia Machado travou seu primeiro contato com a audiodescrição há três anos, quando elaborava trabalho de conclusão de curso. “Achei fascinante e comecei a pesquisar e a conversar com pessoas que lutam pela audiodescrição no Brasil”, revelou ela, por e-mail, ao Portal da UFMG.
A partir daí, fez da área seu objeto de estudo – em março deste ano defendeu dissertação de mestrado em que compara os estágios da autodescrição no Brasil e no Reino Unido – e de militância, mantendo, por exemplo, o blog Com Audiodescrição, com informações sobre iniciativas da área, e atuando como audiodescritora voluntária em exposições artísticas e na ópera Lá Bohème.
Confira a entrevista, em que ela discorre sobre o atraso do Brasil na área e as potencialidades inclusivas da audiodescrição em ambientes culturais e educacionais.
Audiodescrição é uma área relativamente recente. Como ela surgiu? Que recursos envolve? A quem se destina?
Podemos considerar que a audiodescrição informal sempre foi feita por quem convive com pessoas com deficiência visual, pois descrevem imagens e situações cotidianas geralmente colocando suas interpretações sobre o conteúdo descrito. Já a audiodescrição formal, tipo de tradução audiovisual para prover acessibilidade comunicacional, começou a ser aplicada e estudada no final da década de 1970 nos Estados Unidos. Foi uma iniciativa do casal Pfanstiehl por meio de projeto de descrição de peças de teatro para espectadores com deficiência visual. No Brasil, consideramos que a audiodescrição foi inaugurada com primeira edição do Festival Assim Vivemos, em 2003.
A audiodescrição consiste na narração descritiva de elementos visuais - cenários, figurinos, expressões faciais, movimentação de personagens etc - que não podem ser percebidos ou compreendidos principalmente por pessoas com deficiência visual e intelectual, dislexia e idosos com baixa acuidade visual.
Já existem peças de teatro, filmes e até óperas traduzidas com recursos da audiodescrição. Como isso é feito? Parece um processo extremamente complexo, que exige profissionais altamente especializados. Como se dá a preparação dessas pessoas no Brasil?
Por falta de salas de cinemas equipadas com sistemas de transmissão e recepção da audiodescrição, a narração é feita ao vivo por meio de equipamentos de tradução simultânea, assim como acontece com as peças de teatro e com as óperas. Antes da narração ao vivo, é preparado um roteiro de audiodescrição, elaborado após estudo do conteúdo a ser audiodescrito. Muitas vezes é necessário acompanhar ensaios e realizar pesquisas sobre o autor/diretor da obra para a produção do roteiro. Por enquanto, há cursos livres para a formação de audiodescritores em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife. Geralmente, os participantes desses cursos são estudantes ou profissionais vindos das áreas de letras, comunicação, artes e pegadogia.
Segundo o IBGE, há cerca de 24 milhões de pessoas com deficiência e que se constituem, em tese, em público-alvo das ações de audiodescrição. Desse universo, que parcela da população já se encontra minimamente coberta por esses recursos?
As pessoas com deficiência visual são o principal público-alvo direto, mas há também aquelas com deficiência intelectual, disléxicos e idosos com baixa acuidade visual que se beneficiam do reforço sonoro de informações visuais, facilitando assim a compreensão de tal conteúdo. Por isso, esse número pode ser muito maior.
Apesar de a oferta de audiodescrição em sessões de cinema, peças de teatro, espetáculos de dança, óperas, exposições artísticas estar aumentando, a maior parte não tem acesso aos benefícios dessa técnica.
E na televisão?
A recente estreia da audiodescrição na televisão digital por meio de canal de áudio opcional pode ampliar esse acesso. Entretanto, ainda é pequeno o número de pessoas que possuem equipamento para a recepção digital, seja pelo alto custo ou pela ausência do sinal digital aberto na maioria das cidades. Considerando que o público com deficiência visual geralmente possui baixo poder aquisitivo, a transmissão da audiodescrição somente pela televisão digital é um fator de limitação. Além disso, há, por enquanto, a obrigatoriedade de somente duas horas por semana de programação com audiodescrição, quantidade que, segundo a regulamentação do Ministério das Comunicações, aumentará para 20 horas semanais até 2020.
Já existem no Brasil experiências que mereçam ser destacadas em universidades, organismos públicos, ONGs e empresas?
O Festival Assim Vivemos - Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência -, produzido pela Lavoro Produções, é um bom exemplo. O evento chegou a sua 5ª edição em 2011 e desde a primeira possui audiodescrição e legenda aberta em todas as sessões.
Também deve-se destacar o trabalho que a audiodescritora Lívia Motta vem fazendo em São Paulo, principalmente, na formação de público para ópera. Desde 2009, já foram 10 óperas audiodescritas no Theatro São Pedro. Na área acadêmica, destaco grupos de pesquisa nas universidades federais de Pernambuco (UFPE) e Bahia (UFBA) e Estadual do Ceará (Uece).
A senhora tem ideia do tamanho do investimento hoje no Brasil em audiodescrição?
Não sei quanto se está investindo em audiodescrição atualmente, mas posso afirmar que o investimento ainda é mínimo. O blog Com Audiodescrição, do qual sou criadora, mapeou a produção de audiodescrição no Brasil. Lá pode-se observar a pequena quantidade de produções, eventos e locais que oferecem audiodescrição em um país tão populoso como o nosso. Estamos conseguindo inserir a audiodescrição em alguns programas de televisão, salas de cinema, DVDs, teatros, museus, mas ainda há uma infinidade de obras, produções e locais para ela ser usada como recurso de acessibilidade. A audiodescrição precisa se disseminar nas salas de aula em livros didáticos e vídeos educativos como medida para efetivação da inclusão escolar. Seu uso também pode beneficiar alunos sem deficiência visual na medida em que amplia o vocabulário ensinado e também trabalha com as habilidades descritivas e de observação dos alunos.
Novas plataformas tecnológicas podem contribuir para difundir os recursos e explorar melhor as pontencialidades da audiodescrição?
Creio que sim, pois permite a ampliação do número de dispositivos capazes de receber a audiodescrição. Esses dispositivos, por exemplo, podem ser conectados ao conversor digital e funcionarem como receptores para que um telespectador ouça em seu fone de ouvido a audiodescrição de um programa, enquanto sua família assiste ao mesmo programa, na mesma sala, mas sem fazer uso do recurso.
O panorama mundial nessa área é melhor do que o do Brasil?
O país em que a área é mais evoluída é o Reino Unido. Além de possuir audiodescrição nos teatros, museus e em mais de 300 salas de cinema, os principais canais de televisão mantêm mais de 20% da programação audiodescrita. Nos Estados Unidos, há audiodescrição no teatro, no cinema, mas apenas este ano foi aprovada a regulamentação que obriga ao menos quatro horas por semana de audiodescrição na programação televisiva. A Espanha possui uma grande produção acadêmica na área e também disponibiliza esse recurso na televisão, teatros, cinemas e óperas. Algo semelhante ocorre na TV da Alemanha. E Portugal tem se destacado com audiodescrição em teatros e museus.

Fonte: Notícias UFMG

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Cia Fernanda Bianchini de Ballet apresenta "Divertssiment" com audiodescrição

A Associação de Ballet e Artes para Cegos Fernanda Bianchini apresentou o espetáculo "Divertssiment", primeiro ballet com audiodescrição do Brasil! A companhia, consagrada pelo seu método de dança para pessoas com deficiência visual, se apresentou no Teatro Paulo Machado de Carvalho, em São Bernardo do Campo. 

A audiodescrição foi feita pela equipe da Ver com Palavras. Confira o post da Lívia Motta sobre como foi elaborar a audiodescrição desse espetáculo de Ballet clicando aqui.

Desde 2008, já são 6 espetáculos de dança com audiodescrição!

Conheça, apoie, divulgue! Audiodescrição, já!


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Oficina e palestra sobre Audiodescrição na UFMG



Nos dias 25 e 26/10 ministrarei uma oficina e uma palestra na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) em Belo Horizonte. A oficina tem duração de 12h e será para um grupo fechado, mais informações podem ser recebidas pelo email equipetas@fafich.ufmg.br . A palestra será aberta a comunidade e acontecerá no dia 26 às 18h no auditório prof. Bicalho, na Fafich (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas). 

Aguardo vocês lá!

Abaixo seguem os convites. 


Convite da Oficina Audiodescrição: Retângulo branco com o desenho de um olho azul e parte de um fone de ouvido preto no canto esquerdo da figura, o resto do convite possui o texto informativo em preto e azul: "A Comissão de Desenvolvimento Humano/Fafich convida-os para a oficina Audiodescrição, ministrada por Flávia Oliveira Machado, Mestre em Televisão Digital com especialização em Audiodescrição/UNESP. A audiodescrição é o recurso que permite a inclusão de pessoas com deficiência visual em cinema, teatro, programas de televisão e jogos esportivos. Dias 25 e 26 de outubro, de 9:30 às 12:30 e 14h às 17h. Local CADV (Centro de Apoio ao Deficiente Visual) - Fafich. Infomações: equipetas@fafich.ufmg.br"





Convite da Oficina Audiodescrição: Retângulo branco com o desenho de um olho azul e parte de um fone de ouvido preto no canto esquerdo da figura, o resto do convite possui o texto informativo em preto e azul: "A Comissão de Desenvolvimento Humano/Fafich convida-os para a palestra Audiodescrição, acessibilidade e inclusão social, ministrada por Flávia Oliveira Machado, Mestre em Televisão Digital com especialização em Audiodescrição/UNESP. A audiodescrição é o recurso que permite a inclusão de pessoas com deficiência visual em cinema, teatro, programas de televisão e jogos esportivos. Dias 26 de outubro às 18h, auditório Prof. Bicalho/Fafich."


Flávia Oliveira Machado
Mestra em Televisão Digital com especialização em audiodescrição

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Mais duas óperas com audiodescrição

As óperas "Romeu et Juliette" e "Don Pascoale" tiveram apresentações com audiodescrição no Theatro São Pedro, em São Paulo. A audiodescrição foi feita pela Ver com Palavras da nossa querida Lívia Motta.

Agora já são 18 óperas apresentadas com esse recurso de acessibilidade permitindo a fruição e compreensão, principalmente, de pessoas com deficiência visual. Para conferir a lista de Ópera clique aqui.

E viva a ampliação do acesso à cultura!

Conheça, apoie, divulgue! Audiodescrição, já!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Exposição fotográfica, Seminário, Desfile de Moda, Sarau e até Missa com audiodescrição!

A lista de eventos é a mais heterogênea das listas daqui do Blog Com Audiodescrição. Dessa vez, a atualização dessa lista traz seminários sobre deficiência, exposições de artes plásticas e de fotografia,  congresso de turismo, sarau concurso de moda e até missa! 

São os profissionais da audiodescrição mostrando que ela pode ser usada nas mais diversas manifestações e produções sociais para prover igualdade de acesso à informação e de participação a todos os participantes.

Para conferir os 52 eventos já listados, clique aqui.

Conheça, apoie, divulgue! Audiodescrição, já!

domingo, 9 de outubro de 2011

MEGA atualização do Blog Com Audiodescrição



Depois de algumas semanas sem atualizar muito o blog, mega atualização com acréscimos nas listas de TV, Teatro e Cinema!

Na lista de Teatro, destaque para o Festival SESI Bonecos do mundo  2011 que aconteceu em São Paulo e no Rio de Janeiro. Foram 16 espetáculos com audiodescrição do Ver com Palavras, em São Paulo, e da Cinema Falado, no Rio de Janeiro. A Lívia Motta comentou como foi esse festival de bonecos com audiodescrição (leia clicando aqui). 

Desde de 2006, já são ao menos 116 peças audiodescritas em todo o brasil. Confira quais são clicando aqui.

A lista de cinema já estava atualizada com os filmes da 5ª Edição do Festival Assim Vivemos. Mas não custa lembrar que ainda dá para aproveitar o restinho do festival no CCBB de São Paulo essa semana ainda (de 12 a 16 a partir das 13h). Confira a programação clicando aqui.


Conheça, apóie, divulgue! Audiodescrição, já!

sábado, 3 de setembro de 2011

Curso de introdução à formação de audiodescritores em São Paulo



A Profa Dra Eliana Franco, coordenadora do TRAMAD (link do grupo), ministrará o curso "Introdução à Formação de Audiodescritores" na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP em São Paulo (SP). O curso será entre os dias 11 e 25 de outubro, às terça, quartas e quintas-feiras no período da tarde.  

A iniciativa do Centro Interdepartamental de Tradução e Terminologia da FFLCH/USP tem como objetivo trazer conhecimentos teóricos e práticos sobre audiodescrição para o público interessado em saber sobre esse recurso de acessibilidade comunicacional.

Mais informações sobre inscrições e sorteio de bolsas estão no link acessível.

Conheça, divulgue, compartilhe, apoie! Audiodescrição já!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Discurso da Deputada Rosinha da Adefal na abertura do seminário "Avaliação dos Primeiros 45 dias da Audiodescrição na TV"

Pronunciamento da deputada Rosinha da ADEFAL, na mesa de abertura do seminário "Avaliação dos Primeiros 45 Dias da Audiodescrição na TV".
Boa tarde a todas e a todos,
É com muita alegria que realizo este evento de avaliação e reflexão dos primeiros 45 dias de audiodescrição nas televisões brasileiras.
Primeiramente, agradeço aos colegas deputados e senadores que fazem a Frente Parlamentar do Congresso Nacional em Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, da qual sou presidente, os quais saúdo na pessoa do meu vice, o Deputado Romário.
Agradeço aos deputados que formam a Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e pelo Direito à Comunicação com Participação Popular, os quais saúdo na pessoa de sua Coordenadora, a Deputada Luíza Erundina.
Os senadores que compõem a Subcomissão Permanente de Assuntos Sociais da Pessoa com Deficiência do Senado Federal, recebam meus agradecimentos na pessoa do Senador Lindbergh Farias.
Os deputados que compõem a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, eu saúdo na pessoa de sua presidente, Manuela D’Ávila, que inclusive fez aniversário ontem. Parabéns pela passagem do seu dia, deputada Manuela.
Também quero expressar minha gratidão ao pessoal do meu gabinete e dos gabinetes da Deputada Luíza Erundina, Senador Lindbergh Farias, e ao pessoal da Secretaria da Comissão de Direitos humanos. Muito obrigada, de coração.
No ano passado, ainda como vereadora em Maceió, tive meu primeiro contato efetivo com este recurso em acessibilidade, que garante a realização do direito à informação e à comunicação, para as pessoas com deficiência, principalmente para as pessoas cegas.
Rendi-me à sua importância e hoje sou entusiasta do recurso, e faço sua defesa incondicional em meu mandato.
Tanto que desde 1º de junho, adotei um pacote de medidas que busca a discussão desse tema e a sua implantação na Câmara dos Deputados.
Numa Casa que é um verdadeiro patrimônio histórico, o profissional audiodescritor é um elemento fundamental para a inclusão social das pessoas com deficiência visual.
Faço votos para que possamos sair deste encontro sensibilizados e preparados para a defesa da implantação da audiodescrição na rotina normal de funcionamento da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, principalmente nas TVs e nas visitas guiadas, momentos os quais considero que as pessoas com deficiência visual experimentam a maior perda de informações.
Por questões orçamentárias, não tivemos como promover a presença de todos os profissionais da área que, sabemos, seriam relevantes para a realização desta discussão.
Peço licença para nominar os que já acompanhamos a atuação, mesmo que à distância. São eles:
. Lívia Mota, de São Paulo;
. Lara Pozzobom, do Rio de Janeiro;
. Eliana Franco, da Bahia;
. Vera Santiago, do Ceará;
. Bel Machado, de Campinas – São Paulo;
. Flávia Machado, de Ribeirão Preto – São Paulo;
. Rodrigo Campos – de Minas Gerais;
. Verônica Matoso – do Rio de Janeiro;
. Rô Barqueiro, de São Paulo;
. Cândida Aves, do Mato Grosso;
. Léo Rossi, de São Paulo;
. De Pernambuco, Andreza Nóbrega, Ernani Ribeiro, Fabiana Tavares, Liliana Tavares, Paulo Vieira e Rosângela Lima, equipe por meio da qual eu conheci e proporcionei à Alagoas o primeiro evento audiodescrito, em junho de 2010.
Há mais profissionais envolvidos com a audiodescrição, como é o caso dos grupos que realizam trabalhos em Manaus, além da TV Globo e da SBT.
Fiquem todos muito à vontade para nos contatar e enviar sugestões relativas ao tema.
Esperamos que seja possível a sua participação virtual, hoje, por meio do e-democracia, o portal da Câmara dos Deputados que permite a transmissão deste evento ao vivo e interação por meio de salas de bate-papo, às quais estaremos atentos durante todo o evento.
Como terei oportunidade de me pronunciar, mais uma vez, quando da moderação da terceira mesa de trabalho encerrarei a minha fala.
Mas antes, gostaria de comunicar, por também ser de interesse das pessoas com deficiência visual, que ontem dei entrada em projeto de lei que dispõe sobre a produção nacional de obras científicas, literárias e artísticas em formatos de texto digital acessível, pelo direito ao livro e à leitura para a pessoa com deficiência visual.
Este projeto, que recebeu o número 2029 é fruto de uma solicitação direta da sociedade civil, cujo pedido eu recebi em mãos, no mês de abril, passado, durante a nossa participação na 10ª Reatech, feira de acessibilidade, tecnologia e inclusão da pessoa com deficiência, realizada em São Paulo. São seus requerentes: Naziberto Lopes, Flávio Scavazin, Elza Ambrózio, Crismere Gadelha, Paulo Romeu Filho, Livia Mota e Ana Maria Crespo.
Trabalhamos o seu texto com os seus proponentes e com a consultoria da Casa até a semana passada. Agora, o PL já está devidamente protocolizado e seu andamento pode ser acompanhado pela página da Câmara na internet.
Por solicitação de seus proponentes, dedicamos os trabalhos de construção deste projeto de lei à Laura Gera, a Laurinha.
Laurinha tem 8 anos e nasceu sem os globos oculares, decorrente de uma patologia rara.
Ela é combustível para que muitos ativistas do movimento de inclusão da pessoa com deficiência, prossigam em suas lutas.
Assim, dedicamos estes trabalhos à Laura Gera, pelo que, carinhosamente, passaremos a denominar o projeto de lei como Lei Laurinha.
A mãe da Laurinha é nossa primeira palestrante, a Dra. Rosângela Gera, que recebe esta notícia em primeira mão, bem como cópia do referido projeto de lei, com suas justificativas.
Dra. Rosângela representa os pais de crianças e adolescentes com deficiência visual. Nosso interesse, com sua participação, é garantir às pessoas com deficiência e seus representantes – já que, no caso, estamos nos referindo à pessoas menores de idade – a oportunidade de participar da vida política e pública, nos termos do art. 29 da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência.
2º Pronunciamento da Deputada Rosinha, na mesa de trabalho
Quando tive meu primeiro contato com a áudio-descrição propriamente dita, eu já tinha lido, conversado e escutado das pessoas que a áudio-descrição era um recurso de acessibilidade comunicacional importante para as pessoas com deficiência visual.
“É bom para os cegos”, diziam. E eu assentia com a cabeça, demonstrando ter entendido e concordado com a observação.
Eu achava que entendia. Achava que sabia do que se tratava esse recurso de acessibilidade. Mas meu entendimento era puramente das orientações técnicas, sem que eu “sentisse” o que, de fato é a audiodescrição.
Como já mencionei, no mês de junho do ano passado, ainda como vereadora em Maceió, proporcionei este recurso num evento sobre acessibilidade nas relações de consumo.
Começamos o evento. Para mim, aparentemente, nada de anormal, a não ser os fones de ouvido utilizados por parte da platéia.
Mas, aos poucos, foi me chamando a atenção as feições de espanto, a concentração, os sorrisos em sintonia, como que num segredo só de seus usuários. O que eles estavam escutando? O que dividiam entre si?
A curiosidade foi maior, e não resisti: solicitei um fone.
E fui me deixando envolver pela narração.
Fui conduzida a imaginar cores, formas, sensações, como há muito não fazia.
A rotina da vida nos embrutece. E naquele momento me permiti viajar pela suavidade do que me era sugerido. Me senti valorizando coisas que há muito me passavam desapercebidas. Me senti mais humana com a experiência.
Quando da palestra do Prof. Francisco, explicando sobre a importância da áudio-descrição, me surpreendi quando ele relatou “não sabia que a Rosinha tem cabelos loiros e olhos azuis”.
Sabemos que a aparência, a forma como nos vestimos e como nos comportamos define muito do que somos. Muitas vezes as nossas bandeiras e lutas se encontram estampadas na forma como nos apresentamos para o mundo. Até por isso a moda é uma instituição.
E naquele momento é que vim perceber que foi negado às pessoas com deficiência visual, informações que achamos tão óbvias e que, por si só, os ajudaria a contextualizar situações e acontecimentos.
Numa outra ocasião, ao final de um evento no interior de Alagoas, um senhor cego venho me cumprimentar e falou “como a senhora é baixinha”! E eu lhe expliquei “uso cadeira de rodas”. Ele ficou ainda mais surpreso com o fato de hoje eu ser deputada federal, e disse que não sabia de minha deficiência.
Fiquei tão tocada com estes acontecimentos, que outro dia, ao encontrar o Dr. Ricardo Tadeu, Desembargador e cego, na primeira oportunidade fui logo lhe perguntando “o senhor sabe que sou loura e tenho olhos azuis? Juro que não perguntei por vaidade”. É que fiquei incomodada de imaginar que estas informações são silenciosamente negadas.
Finalmente compreendi o peso de se negar o direito a áudio-descrição.
É negar o direito à informação e à comunicação em prejuízo ao convívio social das pessoas com deficiência.
E não se admite mais, em tempos atuais, em que já dispomos das tecnologias que nos favorecem e nos trazem os confortos de que precisamos, que ainda estejamos discutindo o seu custo.
Como se não houvesse custo para as pessoas com deficiência, a sonegação das ajudas e tecnologias que compensam as suas limitações e lhes permite usufruir dos bens e serviços no mesmo patamar que os demais.
Se eu conseguir fazer avançar este recurso em acessibilidade comunicacional, para que ele passe a fazer parte da rotina das pessoas com deficiência, principalmente na Câmara dos Deputados, ficarei bastante satisfeita em meu mandato.
Penso que nossa luta pela acessibilidade é superior às nossas necessidades individuais. Ainda que atualmente não precise deste recurso, entendo que a luta pela acessibilidade transcende os interesses dos grupos e é única. A vitória de cada um se traduz na vitória de TODOS nós, pessoas com deficiência.
Este relato, eu publiquei no último volume da Revista Brasileira da Tradução Visual.
Entendo que essa experiência é significativa para nós, que enxergamos, entender a importância da audiodescrição.
Com essas reflexões, passo imediatamente a palavra aos palestrantes desta mesa, sem dúvida, a mais aguardada deste evento, pois que por meio dela entenderemos as razões de quem se encontra na outra ponta deste processo de cumprimento da Portaria 188 do Ministério das Comunicações.
Vamos aos trabalhos.
Fonte: Assessoria da Deputada / Blog da Audiodescrição

terça-feira, 23 de agosto de 2011

"Assim vivemos" aumentando a lista de Cinema com audiodescrição!


Não é a toa que o marco brasileiro do início da audiodescrição é a 1ª edição do Festival Assim Vivemos em agosto de 2003. Na 5ª edição do Assim Vivemos, , um festival internacional de filmes sobre deficiência, além dos já consagrados recursos de acessibilidade – legenda aberta, audiodescrição, catálogos em Braille, interpretação em LIBRAS nos debates e salas de cinema acessíveis a cadeirantes - , a programação traz 28 filmes de  12 países.

Como em outras edições, o festival passará pelo Rio de Janeiro (CCBB-RJ, SESC-Ramos e SESC-Madureira) de 16 a 28 de agosto, por Brasília (CCBB-DF) de 13 a 25 de setembro e por São Paulo (CCBB-SP) de 3 a 16 de outubro. A programação do festival pode ser conferida no link http://www.assimvivemos.com.br/

Os filmes já estão na lista de Cinema que foi atualizada!

Ah! E como já é de praxe, a lista de TV foi atualizada com os filmes e programas transmitidos na TV com audiodescrição.

Se você quiser colaborar com as listas informando produções e/ou eventos que tiveram audiodescrição, por favor, envie seu email para comaudiodescricao@gmail.com

Conheça, apóie, divulgue, colabore! Audiodescrição, já!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Workshop de Audiodescrição na Semana de Comunicação Social 2011 da Unaerp

E que tal falar sobre audiodescrição para estudantes de Jornalismo e Publicidade e Propaganda?

Pois é exatamente isso que farei durante dois workshops na Semana de Comunicação Social 2011 da UNAERP. No dia 18/09 falarei sobre audiodescrição abordando seu histórico no Brasil,  a produções e eventos com audiodescrição e estratégias de elaboração de roteiro e de locução.
 
Leia abaixo a notícia sobre a Semana de Comunicação Social 2011 da UNAERP.

Jornalismo e Publicidade da Unaerp realizam Semana de Comunicação Social 2011



Os Cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unaerp realizam entre os dias 15 e 18 de agosto a Semana de Comunicação Social 2011. Durante o evento, os alunos da Universidade e de outras instituições, além de profissionais formados poderão assistir palestras, workshops e participar de mesa de debates. A Semana é a primeira de muitas atividades que acontecerão ao longo do semestre para comemorar os 40 anos do Curso de Comunicação Social. 

O destaque da noite de abertura (15/08) é o coordenador artístico do Canal Futura, Márcio Motokane. Formado em cinema e com experiência em diversas emissoras do país como Band, HBO e Canal Brasil, ele discute "Criação e Formatos Audiovisuais".

Na terça (16/08), a Semana de Comunicação promove um encontro no SESC Ribeirão com o sociólogo Sérgio Amadeu, membro do Conselho Científico da Associação Brasileira de Pesquisadores de Cibercultura (ABCiber). O tema da palestra é "A Informação Pós Mídias Digitais".

"A partir de quarta (17/08) acontecem workshops e mesa redonda para que os alunos estejam ainda mais próximos dos convidados, aprendendo e discutindo temas atuais", explica Flávia Martelli, coordenadora do Curso de Jornalismo, destacando os workshops de criação de cartoon - com o chargista Thomas Larson - e de audiodescrição - com a jornalista e mestre em TV Digital, Flávia Machado.

No último dia (18/08) os profissionais e estudantes de publicidade podem conferir as palestras: "Marketing Promo e  tendências no interior, "Intervenções Urbanas", "O marketing e os grandes eventos no Brasil" com Norton Savin,  Marco Scabia e Fábio Basso, nomes de destaque e de grande experiência no mercado publicitário. "É importante trazer profissionais da área para dividir o conhecimento com nossos alunos. Essa também é uma forma de aproximar os estudantes da prática", diz João de Assis Soares, coordenador do Curso de Publicidade e Propaganda da Unaerp.

Inscrições e informações sobre a Semana de Comunicação Unaerp 2011 podem ser obtidas pelo telefone (16) 3603-6716/ 3603-7040.

Fonte: UNAERP  


Flávia Oliveira Machado
Mestra em Televisão Digital com especialização em audiodescrição

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O que a lista de TV tem a ver com a Pesquisa de Recepção da Audiodescrição?


A cada semana tem mais Chaves, Temperatura Máxima, Tela Quente e Comédia MTV com audiodescrição.  Dessa vez, a lista traz também uma correção: o programa “Chaves” é exibido com audiodescrição aos sábados às 6h e não o “Jornal SBT manhã”. Aliás, confira a lista de TV no link http://comaudiodescricao.blogspot.com/p/comerciais-de-tv.html   

Mas será que todo mundo está conseguindo assistir a esses programas com audiodescrição?

Se você conseguiu assistir a algum desses programas, responda à Pesquisa Nacional de Recepção da Audiodescrição clicando no link http://comaudiodescricao.blogspot.com/p/participe-da-pesquisa.html

Mas se você ainda não conseguiu assistir a um programa com audiodescrição, também participe da pesquisa, pois a sua resposta também contribuirá para traçar o panorama da recepção da audiodescrição na TV! Relembrando, o link é http://comaudiodescricao.blogspot.com/p/participe-da-pesquisa.html


Conheça, divulgue, apóie! Audiodescrição, já!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Oficina "Uma imagem NÃO vale mais que 1.000 palavras: aprendendo a fazer audiodescrição"

Quero divulgar a oficina "Uma imagem NÃO vale mais que 1.000 palavras: aprendendo a fazer audiodescrição", que irei ministrar aos sábados entre 17/09 e 22/10 na Oficina Cultural Cândido Portinari em Ribeirão Preto (SP). 

O objetivo da oficina é trazer aos participantes uma introdução sobre a produção de audiodescrição com base em textos teóricos, vídeos com audiodescrição, discussões sobre estratégias tradutórias e exercícios de audiodescrição. 

As inscrições podem ser feitas de 08/08 à 15/09 na sede da Oficina Cândido Portinari (Rua Visconde de Inhaúma, 490 - 1º andar - Edifício Padre Euclides - Centro) através de carta de interesse.



Flávia Oliveira Machado
Mestra em Televisão Digital com especialização em audiodescrição

Jogo de cartas, videoclipe, corridas de carros e até motocross com audiodescrição!

Como vocês podem conferir nas listas daqui do blog, já foram feitos programas de TV, DVDs, sessões de filmes, peças de teatro, exposições artísticas, espetáculos de dança e outros tipos de eventos e produções com audiodescrição. Mas a audiodescrição não para por aí!

Você já imaginou um videoclipe com audiodescrição?

Não? Então ouça "O Caminho Certo", videoclipe da cantora Luiza Caspary no link acessível < http://www.youtube.com/watch?v=i9y2zyUEGvA >. O roteiro da audiodescrição foi feito de modo coletivo pela equipe Mil Palavras composta por Mimi Aragón, Gabriel Schmitt, Letícia Schwartz, Márcia Caspary, Jorge Rein, Bruno Paiva, Tina Gonçalves e Marilena Assis. A  narração é de Kiko Ferraz.

E que tal ampliar a acessibilidade nos jogos de cartas?

A Mil Palavras também fez a audiodescrição do Jogo Vermelho Boole, que é composto por cartas e livro de historias que visam o desenvolvimento da capacidade de raciocínio lógico. Mais informações sobre o jogo no link acessível < http://www.jogosboole.com.br/noticias_mostra.asp?id=32 >

A audiodescrição te dá asas!

No primeiro semestre deste ano, a Cinema Falado fez a audiodescrição de dois eventos radicais: Red Bull Soapbox e Red Bull X-Fighters. O primeiro foi uma corrida de carros não-motorizados (e geralmente decorados com diferentes temáticas) em Balneário Camboriú (SC) em abril. O Red Bull X-Fighters foi uma etapa do Mundial de Motocross Freestyle que aconteceu em Brasília (DF) em maio.

Ambos estão na lista de eventos, que pode ser lida clicando no link acessível < http://comaudiodescricao.blogspot.com/p/congressos-encontros-simposios.html >.


Conheça, colabore, divulgue, apoie! Audiodescrição, já!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Você já ouviu a audiodescrição na TV? Conte para a ONCB!

Está lançada a Pesquisa Nacional de Recepção da Audiodescrição! 

A pesquisa está sendo realizada pela Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB) e tem como pesquisadores responsáveis Elton Vergara (do Audiodescrição em Video) e Flávia Machado (deste blog).  

O objetivo é traçar o panorama inicial das cidades, programas de TV e plataformas (TV   aberta, a cabo e satélite) que os espectadores estão recebendo a audiodescrição. 
 
Vá para a página Participe da Pesquisa clicando neste link e responda o questionário!

Leia o texto abaixo de apresentação da pesquisa assinado por Moisés Bauer, presidente da ONCB.

 
Organização Nacional de Cegos do Brasil

A Organização Nacional de Cegos do Brasil – ONCB, no cumprimento de sua função regimental de defesa de direitos e acompanhamento de políticas públicas voltadas ao segmento das pessoas com deficiência visual, tem acompanhado as discussões sobre a implementação do recurso da audiodescrição nas redes sociais e grupos da Internet. Também tem recebido inúmeros contatos de pessoas e instituições afiliadas, relatando dificuldades no acesso à audiodescrição que passou a ser veiculada a partir de 1º de julho de 2011 por algumas emissoras de televisão, conforme previsto na Portaria nº 188/2010 do Ministério das Comunicações.

A quantidade de mensagens sobre o assunto demonstra a ansiedade e o grande interesse das pessoas com deficiência em usufruir de seu direito à informação, à educação, à cultura e ao lazer proporcionados pela televisão. A diversidade regional dos interlocutores demonstra não se tratar de um problema localizado. As dificuldades de acesso ao recurso têm ocasionado grande decepção para essas pessoas, que aguardavam há tanto tempo a oportunidade de assistirem à programação televisiva em igualdade de condições com as demais pessoas, mesmo que por apenas duas horas na semana.

Com base nas inúmeras situações relatadas, a ONCB tomou a iniciativa de realizar uma Pesquisa Nacional de Recepção da Audiodescrição para construir um panorama em nível nacional da disponibilização do recurso pelas emissoras que já operam no sistema digital de televisão.

Esta pesquisa tem por objetivos identificar:
·         As emissoras, cabeças-de-rede e afiliadas, que estão cumprindo as determinações da Portaria nº 188/2010.
·         As operadoras de televisão paga que estão fazendo chegar aos assinantes o canal de áudio pelo qual as emissoras estão veiculando a audiodescrição.

Para tanto, contamos com a valiosa colaboração voluntária dos pesquisadores acadêmicos Elton Vergara Nunes e Flávia Oliveira Machado, que possuem conhecimentos em audiodescrição, televisão digital e experiência na sistematização e análise de dados, segundo critérios científicos.

Pretendemos, a partir dos resultados desta pesquisa, oferecer subsídios para que as emissoras de televisão, operadoras de televisão por assinatura e autoridades competentes tomem as medidas necessárias para o efetivo cumprimento das disposições legais sobre acessibilidade para pessoas com deficiência na televisão aberta brasileira.

O furmulário da pesquisa está disponível no seguinte endereço: http://twixar.com/cVeKeXL66Dg Pedimos a todos os interessados na audiodescrição que colaborem com esta pesquisa respondendo o questionário, divulgando para seus contatos, e ainda disponibilizando o formulário em seus próprios sites e blogs (clique aqui para obter o código de incorporação do formulário da pesquisa).

Sua participação é muito importante para que possamos construir um retrato fiel da implementação da audiodescrição na televisão aberta brasileira, permitir sua consolidação e expansão para outras atividades educativas, culturais e de lazer.

Cordialmente,

Moisés Bauer Luiz
Presidente da ONCB

Brasília, 22 de Julho de 2011

domingo, 24 de julho de 2011

Filmes e programas com audiodescrição na TV

A partir de agora, além de ter a atual grade de programação com audiodescrição na lista TV, serão incluídos os filmes das sessões Temperatura Máxima e Tela Quente (TV Globo), os programas (MTV e SBT*) e os telejornais (Jornal do SBT Manhã) que já foram transmitidos com audiodescrição.

Até o momento foram 8 filmes, 7 programas e 4 telejornais. Haverá semanalmente atualização da lista TV.

Confira quais são em http://comaudiodescricao.blogspot.com/p/comerciais-de-tv.html

Conheça, divulgue, compartilhe, apoie. Audiodescrição, já!

* O SBT não identifica em seu site os episódios do programa Chaves de acordo com a data de exibição, por isso não há a informação sobre os nomes dos episódios  na lista TV.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Destaques sobre audiodescrição no 4º Media for All

Participei e apresentei um paper no congresso internacional Media for All 4 em Londres (Inglaterra), um dos mais importantes da área de tradução audiovisual, entre os dias 28/06 e 1/07 e gostaria de compartilhar alguns comentários que ouvi em relação a audiodescrição.

Primeiro, é importante ressaltar que teve uma "delegação" brasileira grande nesse ano. Se não me engano, foram 10 brasileiros apresentando estudos em AD e em legenda para surdos e mais alguns assistindo ao congresso, todos vindos de diferentes partes do Brasil - SP, BA, CE, DF e Rio - de diferentes instituições - UNESP, UFBA, UECE, UNB e outras.

Uma das questões mais faladas foi guias e manuais de produção de AD. Vi apresentação de estudos comparados de guias de diversos países: Hansjörg Bittner apresentou as grandes diferenças que eles têm e Cristóbal Cabeza-Cáceres destacou o tratamento da entonação entre os guias "anglosaxões" e os "latinos". Este estudo revelou que enquanto os primeiros falam que a AD deve seguir a tensão a emoção da cena, os segundos falam que a entonação afetiva deve ser evitada. Segundo uma pequena pesquisa de recepção feita pelo Cristóbal, foi concluída que a entonação não afeta a compreensão do conteúdo, mas pode aumentar
o aproveitamento (divertimento) do usuário.  Duas professoras polonesas, Iwona Mazur e Agnieszka Chmiel, apresentaram os primeiros resultados de uma grande pesquisa de recepção financiada por um órgão governamental para verificar as preferências dos poloneses com deficiência visual. Os resultados da pesquisa irão gerar um guia polonês de produção de AD.

Apesar dessas discussões de guias e manuais de produção de AD, a Pilar Orero, a Aline Remael (duas grandes estudiosas em AD) e a Joan Greening (ex-funcionária do RNIB e agora consultora de AD) afirmaram que os guias não podem travar a produção de AD e que devem existir são estratégias de tradução audiovisual para produção de AD, pois sendo a AD um tipo de tradução ela deve se ater a estratégias e não diretrizes ou normas. Elas afirmaram, assim como o Stephen Taylor da Red Bee, que os guias são úteis para capacitação de audiodescritor, mas não para servirem como documentos a serem consultados diariamente durante a produção.

Tiveram outros trabalhos com diferentes enfoques como:  o desenvolvimento de cursos online de formação de audiodescritor que Joel Snyder está realizando;  estudos de AD em museus; AD de comerciais;  a audiointrodução em filmes, estudada por Pablo Romero-Fresco e Louise Fryer.

Entre os desafios para a AD no futuro estão: AD ao vivo, AD de vídeos online, os diretores estão mais preocupados com a AD e por isso estão checando a AD também e como aproveitar o feedback de uma audiência mais falante com as redes sociais. Esses pontos foram destacados por merecerem a atenção dos audiodescritores e das empresas para os próximos anos.

Flávia Oliveira Machado

Mestra em Televisão Digital com especialização em audiodescrição